Aumento de Influenza A no Brasil acende alerta em 14 capitais e pressiona sistema de saúde
O Brasil enfrenta um avanço acelerado da influenza A, que tem provocado aumento expressivo nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre crianças e idosos. Segundo o boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 15 de maio, o vírus já superou a Covid-19 como principal causa de morte por SRAG entre idosos e figura entre os três maiores agentes letais no público infantil.
Desde o início do ano epidemiológico de 2025, o país já registrou 56.749 casos de SRAG. Desses, 46,5% tiveram resultado positivo para algum vírus respiratório, sendo 15,3% causados por influenza A. Nas últimas quatro semanas, esse índice mais que dobrou, chegando a 30,1%. A tendência de alta tem pressionado diretamente o sistema público de saúde em pelo menos 14 capitais, atualmente em estado de alerta.
Em estados como o Rio de Janeiro, a taxa de ocupação dos leitos de UTI para crianças e idosos já ultrapassa os 85%, o que levou o governo estadual a abrir alas emergenciais em três hospitais públicos — mesmo antes da chegada do inverno.
O relatório da Fiocruz aponta ainda um agravamento da circulação viral no país, com crescimento consistente nas tendências de curto e longo prazo. Além da influenza A, o vírus sincicial respiratório (VSR) responde por 42,7% dos casos positivos, seguido por rinovírus (25,8%) e Sars-CoV-2 (16,1%).
Situação em Mato Grosso
Em Mato Grosso, o cenário também exige atenção. O aumento de atendimentos por doenças respiratórias no estado tem sido significativo. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), o estado registrou, até o final de abril de 2025, 12.568 casos de SRAG, sendo que 4.767 desses casos foram causados por vírus respiratórios, com destaque para a influenza A, que responde por 19,4% dos diagnósticos. O crescimento nos atendimentos tem sido particularmente notável entre crianças e idosos, grupos mais vulneráveis.
Além disso, a pressão sobre os serviços de saúde em Mato Grosso é crescente. Em hospitais da capital, Cuiabá, a taxa de ocupação de leitos de UTI chega a 83%, com uma alta procura por atendimentos pediátricos e geriátricos. Em municípios como Várzea Grande e Rondonópolis, a situação é similar, com unidades de saúde enfrentando dificuldades em acomodar a demanda de pacientes graves.
Segundo o coordenador do Centro de Informações Estratégicas em Resposta e Vigilância em Saúde (CIEVS-MT), Dr. Menandes Neto, “temos observado um aumento expressivo nos atendimentos de crianças e idosos com sintomas gripais graves, o que acende um sinal de alerta para a rede hospitalar. Houve crescimento no tempo de permanência em unidades de terapia intensiva e também no número de solicitações por UTIs”.
Ainda segundo o especialista, há circulação simultânea de cinco vírus respiratórios no estado: Sars-CoV-2, Influenza A, Rinovírus, Adenovírus e Vírus Sincicial Respiratório. “Este último tem gerado impacto significativo, principalmente entre crianças, e provocado grande pressão na rede de atenção devido às bronquiolites.”
O Dr. Menandes Neto reforça a importância da vacinação, sobretudo em grupos vulneráveis, e da adoção de medidas preventivas. “A imunização, aliada a cuidados simples como uso de máscara, higienização das mãos e ambientes ventilados, é nossa principal ferramenta de proteção neste momento.”
Medidas emergenciais
Com a chegada do frio, a expectativa é de agravamento do cenário. Especialistas reforçam a necessidade de políticas públicas emergenciais para evitar o colapso no atendimento hospitalar e proteger a população mais vulnerável.